sábado, 5 de maio de 2007

o discurso indireto e o indireto livre

O DISCURSO INDIRETO E O INDIRETO LIVRE -------------------------------------———————————————— Caro Leitor ou Leitora, Constatamos, ultimamente, a cópia de textos de autores deste site para serem postados em outros lugares com falsa autoria. Portanto, caso queira uma cópia deste, solicite-me e terei o prazer de atendê-lo ou atendê-la. Ou então, copie a página inteira clicando em “Arquivo” (no seu navegador) e selecione “Salvar Como”; escolha no menu aberto, o local, geralmente, “Meus Documentos” e clique “Salvar”. O Discurso Indireto ●» No diálogo ou discurso indireto o ficcionista adota a postura de intermediário entre o leitor e o texto, isto é, o narrador utiliza as próprias palavras para reproduzir a fala de uma personagem. Temos, assim, a mistura de duas vozes: a do narrador e a da personagem: “Quando o camareiro Barbosa entrou no quarto para lhe fazer a barba, Vargas estava de pé, imóvel no centro do quarto, vestido em seu pijama de listras. O camareiro pediu-lhe que vestisse um roupão, pois fazia frio.” ●» Observa-se nesse fragmento que a fala do camareiro (trecho grifado) foi reproduzida, na 3ª pessoa, pelo narrador. Sempre que isso ocorrer, temos um discurso indireto. ●» Ainda no trecho grifado, a fala é aberta com a oração: O camareiro pediu-lhe [...]; daí, dizer-se que no discurso indireto as falas abrem-se, geralmente, com orações desse tipo (ele, ou ela disse, pediu, contou, etc.).●» Observa-se, também, a existência do verbo de elocução ou dicendi ( que é o núcleo do predicado da oração principal), seguido de uma oração subordinada (a fala da personagem) que completa o significado do verbo de elocução – pediu-lhe ... -, desempenhando a função de complemento verbal. A oração subordinada é introduzida por um elo subordinativo (conectivo), que é, na maioria das vezes, a conjunção integrante [que]: O camareiro pediu-lhe que vestisse um roupão, pois fazia frio. Oração principal conectivo oração subordinada subst. objetiva direta "No discurso ou diálogo indireto, o escritor (narrador) incorpora na sua linguagem a fala das personagens, transmitindo-nos apenas a essência do pensamento a ela atribuído." (Othon Moacyr Garcia, Co- municação em Prosa Moderna)O Discurso Indireto Livre ●» O diálogo ou discurso indireto livre é feito com a associação das características do discurso direto e do indireto; em outras palavras, fundem-se a terceira pessoa, usada pelo escritor para narrar a história, e a primeira pessoa, com que a personagem exprime seus pensamentos, ou seja, a fala de determinada personagem ou fragmentos dela, é sutilmente inserida no discurso do narrador, permitindo-lhe expor aspectos psicológicos da personagem, já que este tipo de discurso pode revelar O diálogo ou discurso indireto livre é feito com a associação das ; em outras palavras, , ou seja, a fala de determinada personagem ou fragmentos dela, é sutilmente inserida no discurso do narrador, permitindo-lhe expor aspectos psicológicos da personagem, já que este tipo de discurso pode revelar o fluxo do pensamento da personagem (as idéias, os sentimentos, as reflexões): “Não parava de cantar, Antônio, afirmando que ia para outro tempo enquanto o povo todo desconfiava que era para outro mundo que ele ia, e só se ouvia o martelo martelando lá dentro, toc, toc, toc, e quando os sete dias se passaram, o oitavo dia acordou e deu de cara com a máquina da morte prontinha. Mas ficou bonita demais, dava até gosto de ficar vendo. E isso anda? Não andava. Voa? Não voava. Nada? Não. Claro que não cabia na compreensão de ninguém, como é que o Antônio diz que vai pra outro tempo se essa máquina não sai do canto? E ele até se irritava, isso aí é a máquina da morte, eu é que sou a máquina do tempo. Mas o povo duvidava: e é, é? Desde quando?” ●» No primeiro parágrafo do texto, podemos observar que a fala de Antônio é feita na 3ª pessoa, que é característica do discurso indireto. Já no segundo o narrador reproduz as falas/pensamentos do povo (personagens) em meio a sua própria narrativa, causando certa confusão em relação a quem está falando no momento (narrador ou personagem). Daí surge a complexidade do discurso indireto livre. A fala do povo (grifada) é reprodução literal, característica do discurso direto, mas observe que não há o emprego do verbo dicendi, nem dos dois pontos e muito menos do travessão, que são as marcas do discurso direto. ●» Temos, assim, uma estrutura de diálogo, em que se associam, e se misturam, formas do discurso direto e do indireto, criando consequentemente o discurso indireto livre. Eis outro exemplo: “Oh como era bom estar de volta, realmente de volta, sorria ela satisfeita. Segurando o copo quase vazio, fechou os olhos com um suspiro de cansaso bom. Passara a ferro as camisas de Armando, fizera listas metódicas para o dia seguinte, calculara minuciosa- mente o que gastara de manhã na feira, não parara de verdade um instante. Oh como era bom estar de novo cansada.” Clarice Lispector ®_____________________________________________________________Informações recolhidas e adaptadas de: José de Nicola, Floriana Toscano e Ernani Terra - Língua, Literatura e Produção de Textos. Rocha Lima, Gramática Normativa da Língua Portuguesa. Massaud Moisés, A Criação Literária. Branca Granatic, Técnicas de Redação.• Se você encontrar erros (inclusive de português), por favor, me informe. • Agradeço a leitura do texto e, antecipadamente, quaisquer comentários.
Ricardo Sérgio
Publicado no Recanto das Letras em 08/03/2007

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