sábado, 5 de maio de 2007

Manual do escrevedor: emprego das palavras.

—• MANUAL DO ESCREVEDOR •— EMPREGO DE PALAVRAS Neste texto algo estará sempre sendo acrescentado ou melhorado. Atualizado em 27 /07 /06. [A] (preposição) — emprega-se quando indica tempo futuro, medida, distância ou, então, quando a substituição por [faz] não é possível: Partiremos daqui a três dias. — O atirador estava a três metros. ► Repare que em nenhum dos casos o [a] pode ser substituído por [faz]. HÁ (verbo haver) — emprega-se quando indica tempo passado, decorrido (pode ser substituído por faz) ou quando tem o sentido de existir: Há dez anos que não nos vemos. — Há muitos livros sobre a mesa. HÁ... ATRÁS — quando nos referimos a tempo passado, [há] já significa [atrás]. Desse modo, ou empregamos apenas há, ou apenas atrás: Há três anos atrás namorava Paula (o atrás cria uma redundância). Há três anos namorava Paula. — Três anos atrás namorava Paula. HAVIA — quando o verbo que acompanha haver está no imperfeito ou no mais-que-perfeito, use havia e não há: Ele estava ali havia(e não há) muito tempo. Ele estivera ali havia(e não há) muito tempo. ► Macete. Substitua haver por faz, que ficará clara a forma que deve ser usada: Ele estivera ali fazia(e não faz) muito tempo. A PAR — equivale a ciente de, informado de, prevenido de; em geral, é usado com o verbo [estar]: Estava a par (nunca ao par) do fato.AO PAR — indica título ou moeda de valor idêntico: Parece que o real não está mais ao par do dólar. ABAIXO — significa [embaixo]. Observe: Sua posição está abaixo da minha. A BAIXO — quando há uma idéia de [até embaixo] ou [para baixo]: Eles corriam a arquibancada de alto a baixo(=até embaixo). ABRIR — dê preferência para [alguma coisa abre-se] e [alguém abre alguma coisa]: Prefeito abre centro hoje. Exposição abre-se(e não abre) com muitas novidades. ACABAR — use, dê preferência, ao verbo acabar significando [completar, terminar, concluir]: Já acabaram a pintura. — Pretendo acabar o livro esta semana. ► Ninguém, no entanto, acaba uma greve, uma assembléia ou um déficit. ► Use esses equivalentes mais corretos: põe fim, encerram, suspendem (uma greve, uma assembléia, um déficit). ACABAR COM — significa [pôr fim a ou destruir, dar cabo]: Governo acabou com as mordomias. Sua resistência acabou com os adversários. ► Por isso, para dizer que alguma coisa se encerra com outra use termina ou encerra-se: Exposição termina(encerra-se) hoje com promoções. Para evitar o duplo sentido presente em [acaba hoje com promoções]. ACASO / CASO — se for usar [se] use com acaso: Se acaso você falasse... / Se acaso você quiser... ► Acaso também pode ser usado em frases como: Acaso lhe perguntaram alguma coisa? ► Caso rejeita o [se]: Caso você falasse... / Caso você queira.AFIM - é um adjetivo que significa [igual, semelhante]. A FIM - Relaciona-se com a idéia de afinidade: Elas possuem sentimentos afins (=afinidade de sentimentos). A FIM - surge na locução [a fim de] que significa [para] e indica a idéia de finalidade: Eles estão aqui a fim de trabalhar (com a finalidade de, para trabalhar). ALCANÇAR é com [Ç], mas CANSAR é com [S]. ALERTA — alguém alerta alguém de, contra, para, sobre alguma coisa. Não existe alertar que. É possível omitir quem recebe o alerta: Os escritores alertam(alguém contra, sobre) o risco da pirataria no país. Os escritores alertam que o país corre risco de pirataria. (errado). AGIR (Presente do Indicativo) — Ajo, ages, age, agimos, agis, agem. AONDE — se emprega com verbos que indicam movimento ou aproximação. Opõe-se a [donde], que exprime afastamento: Queres chegar aonde? — Vais aonde? — Aonde ele foi? ONDE — é usado quando significa em que lugar ou com verbos que não indiquem movimento: Não sei onde está a chave. - Onde ele está? - Está onde lhe indiquei.► Em termos práticos, aonde pode ser substituído por [a que lugar], [para que lugar], enquanto onde equivale a [em que lugar]. APOSTILA — como matérias de aulas, publicadas para uso de alunos, parece ser a forma mais empregada hoje. No entanto, pelo Brasil afora se emprega também Apostilha. A preferência é sua. ATÉ ÀS — nunca use [até às]. Use até as: Ele ficou até as 20h. (veja artigo)AVÔS — a palavra [avô] tem o plural quando designa o [avô paterno + o avô materno]: Não conheci meus avôs. AVÓS — é [o avô + avó] ou, em geral os ascendentes. BAHIA — refere-se ao estado da Bahia. BAÍA — refere-se a um pequeno golfo. BAIA — refere-se a um espaço de um estábulo.BOÊMIA — Escreve-se assim. É uma palavra paroxítona. Porém no português do Brasil é corrente a pronúncia boemia (mí): Ele vive na boemia.► Boêmia emprega-se como adjetivo, feminino de boêmio: Leva uma vida boêmia.CAL — a palavra cal é do gênero feminino [a cal]. ► São de Gênero Feminino: a agravante – a alcunha – a atenuante – a bicama – a ioga – a omoplata - a juriti – a sucuri - a ênfase – a omelete – a mascote – a dinamite – a alface – a apendicite – a aguardente – a bacanal – a cólera (doença) – a xérox – a puxa-puxa – a matinê – a pane ► São do Gênero Masculino: o eclipse – o lança-perfume – o dó (pena) – o herpes – o formicida – o suéter – o pernoite – o champanha – o gengibre – o grama (peso) – o magazine – o eczema – o açúcar – o guaraná – o avestruz – o cola-tudo – o diabetes – o eclipse – o picape – o sabiá – o tapa – o telefonema – o clã.► Personagem — é usada nos dois gêneros. Entre os escritores modernos nota-se acentuada preferência pelo masculino: “... um personagem trágico...”► Ordenança, sentinela e praça (soldado) — são sentidos e usados na língua atual como masculinos por se referirem a homens. ► Diz-se: [o] ou [a] manequim Simone, [o] ou [a] modelo fotográfico.► Sósia — é substantivo masculino. Alguns dicionaristas modernos, porém, o incluem entre os comuns de dois gêneros. Segundo eles, portanto, é correto dizer: Essa atriz tem [uma] sósia que a representa muito bem. A televisão mostrou [a] sósia de Marilyn Monroe. ► Avestruz, gambá, pijama, suéter e tapa — não estão mais sendo usados como femininos e alguns gramáticos não aconselham seu uso neste gênero. CATORZE / QUATORZE — alguns cardinais apresentam formas variantes. Assim podemos escrever: «quatorze ou catorze»; «bilião ou bilhão». CHOPE — não diga nem escreva jamais: um chopes, um chicletes, um clipes, um dropes, um vitrô. ► Use Sempre: um chiclete, um clipe, um drope, um vitral (de plural vitrais). CINCOENTA / HUM — são usados nas relações bancárias, mas não são registrados pela nova nomenclatura gramatical e, portanto devem ser tidos como errados: Ganhei um mil e cinqüenta reais. (certo) DAR-SE AO TRABALHO / DAR-SE O TRABALHO — ambas as construções são aceitáveis, mas a primeira é que sempre mereceu a preferência dos bons escritores: Pouca gente se dava ao trabalho de ver o que era. Perguntei por que ele se tinha dado o trabalho de fazer aquilo tudo... ► Variantes • Dar-se ao incômodo ou dar-se o incômodo; • Poupar-se ao trabalho ou poupar-se o trabalho. • Dar-se ao luxo ou dar-se o luxo. DECERTO — quer dizer certamente, com certeza. É advérbio. Não confundir com [disserto], forma do verbo dissertar. DE CERTO — nunca. DEMAIS — pode ser advérbio de intensidade, com o sentido de muito; aparece intensificando verbos, adjetivos ou outros advérbios: Eu estou até bem demais. — Isso nos deixou indignado demais. ► Também pode ser pronome indefinido, equivalendo a os outros, os restantes: Partirei sozinho deixando aos demais(os outros) a liberdade de escolher. DE MAIS — opõe-se a «de menos»: Não vejo nada de mais(de menos) em sua atitude.DIA A DIA — significa diariamente, todos os dias: Ele melhora dia a dia.DIA-A-DIA — é substantivo e significa o correr dos dias, o cotidiano: É duro o dia-a-dia do brasileiro. - O dia-a-dia é tão monótono. DISTRATAR — significa romper um trato. Quando um contrato é rompido, o documento que se assina chama-se distrato. DESTRATAR — significa tratar mal: Ela foi destratada pelo marido na frente dos vizinhos. EMBAIXADOR — tem dois femininos: embaixadora e embaixatriz. Assim são distinguidos: ► Embaixatriz é a mulher de um embaixador. ► Embaixadora é a representante diplomática, ela mesma, de um país em outro. EXCESSÃO — excesso é aquilo que sobra, o que passa da medida, exagero. EXCEÇÃO — é aquilo que se desvia ou exclui de regras e padrões. Portanto: Nesta regra não há exceção(e não excessão). EXTENSO e EXTENSÃO se escreve com X, mas ESTENDER é com [S]. HISTÓRIA — é a ciência. Sempre com «H» maiúsculo. ESTÓRIA OU hISTÓRIA (com “h” minúsculo) — é uma narrativa de ficção. ► Há quem pense que o termo “estória” tenha substituído o termo “história”, mas as duas palavras existem simultaneamente.GARAGE? — Não! Devemos usar «garagem» e não "garage", que é uma palavra francesa que foi aportuguesada para garagem.IR AO ENCONTRO DE — o mesmo que [estar a favor]. IR DE ENCONTRO A — significa [estar contra], [discordar] MEXAS — é o verbo [mexer], conjugado no subjuntivo ou imperativo, na 2ª. pessoa do singular: Não mexas no brinquedo do teu irmão que a briga é certa. MECHAS — (substantivo). São porções de cabelo: O cãozinho tem as mechas brancas do pêlo gastas. MAU (adjetivo) — é antônimo de bom: Ele é um bom(mau) jogador. MAL (advérbio) — é antônimo de bem: Nosso time jogou bem(mal).NENHUM — é o contrário de algum, de pelo menos um: Nenhum deles agiu decentemente.(Pelo menos um agiu...) NEM UM — equivale a nem um sequer, nem um único: Faltava tudo lá. Nem um prato ele tinha.Ó! — é forma do vocativo: é uma palavra exclamativa. Usamos quando queremos chamar por alguém, ou quando nos dirigimos a uma pessoa ou coisa: Ó águia do oceano! Desce do espaço imenso. (Castro Alves).OH! — é interjeição de espanto ou admiração: Oh! Não o encontrei mais ali. PAPEIZINHOS - a regra de formação do plural de palavras no diminutivo manda: ► Primeiro «pluralizar» a palavra primitiva => papéis; ► Antes de colocar o sufixo diminutivo retiramos a desinência [S] do plural => papéi; ► Colocamos, então, o sufixo diminutivo => papeizinhos. ► Flor > Flores > Flore > Florezinhas. POR ISSO — Porisso junto não existe.SILABADA — pessoas menos familiarizadas com a norma lingüística proferem mal um sem-número de vocábulos deslocando-lhes o acento prosódico cometendo, como se costuma dizer, silabadas. Algumas dessas palavras, com a respectiva classificação tônica:► São Oxítonas: Con[dor] - mis[ter] - No[bel] (bél) - ru[im] (í) - su[til] (íl)► São Paroxítonas: aus[te] ro (té) - for[tui]to (túi) - gra[tui]to - [lá]tex - li[bi]do - maquina[ri]a (rí) - pe[ga]das (gá) - re[cor]de (cór) - ru[bri]ca .PORVENTURA - sempre unidos. PENSÃO - é substantivo termina em «ao»: Tenho o suficiente para pagar a «pensão».PENSAM - é 3ª p.p. do presente do indicativo do verbo pensar: Ainda não sei o que eles pensam. PARA MIM - depois de uma preposição use sempre [mim]: Esta caneta é para (preposição) mim? — Este café é para mim? PARA EU - se vier um verbo no infinitivo depois da expressão que será seu sujeito use [eu]: Esta caneta é para eu (sujeito) escrever (infinitivo)? Este café é para eu tomar? TAMPOUCO - É advérbio e significa também não: Tampouco pagou-me o que devia. TÃO POUCO - É advérbio de intensidade [tão], que modifica o pronome indefinido ou o advérbio [pouco]: Tenho tão pouca (pronome) esperanças que me faltam forças para lutar. Falou tão pouco (advérbio) que pensaram estivesse doente. .TRABALHADOR (substantivo) — em por feminino [trabalhadora]; quando é adjetivo o feminino é Trabalhadeira: As trabalhadoras já vão para as fábricas (isto é, as operárias). As mulheres trabalhadeiras sabem cuidar bem de uma casa grande.VERBO AGIR (P. do Indicativo): Ajo, ages, age, agimos, agis, agem.VIR — formas Corretas: • Quando eles me virem(não verem), ficarão alegres. • Se vires(não veres) o menino, chama-o. • Quando eu a vir (não ver) dar-lhe-ei o recado. • Se nos virmos(não vermos) novamente, contaremos a mãe. • Quando mamãe vir(não ver) ficará contente. • Se virdes(não verdes) que Joana está errada orientai-a. USE SEMPRE NO PLURAL: anais, arredores, condolências, damas(jogo de), férias, pires, núpcias, óculos, olheiras, pêsames, víveres, etc..., além dos nomes dos naipes: copas, espadas, ouros, paus. ® [•] Se você encontrar erros (inclusive de português), por favor, me informe. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Ajudaram na elaboração deste manual: Rocha Lima, Gramática Normativa da Língua Portuguesa. Adriano da Gama Kuri, Ortografia, Pontuação, Crase. Hildebrando A. de André, Gramática Ilustrada. Eduardo Martins, Manual de Redação e Estilo. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------[•] Agradeço a leitura do texto e, antecipadamente, quaisquer críticas ou comentários.
Ricardo Sérgio
Publicado no Recanto das Letras em 06/04/2006Código do texto: T134541

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