sábado, 5 de maio de 2007

Manual do escrevedor: orientações gerais.

—• MANUAL DO ESCREVEDOR •— Este manual expõe orientações gerais e específicas indispensáveis à pre-paração de um bom texto. Devido a sua óbvia importância para o texto, as questões gramaticais rece-beram atenção especial. Trabalhamos, também, as questões de estilo consideradas essenciais para a produção de um texto elegante e correto. Neste manual, algo sempre estará sendo melhorado e corrigido. —• ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS E GERAIS •— (continuação)EMPREGO DE PRONOMES----------------------------------------------------------------------------1] - Este, Esta, Isto. Devem ser usados: a] - Em referência a seres que se encontram perto do falante: Este livro que tenho nas mãos é ótimo (este aqui). Isto que carregamos pesa mais de cinqüenta quilos (isto aqui). b] - Em referência ao lugar que o falante está: Esta casa é bem arejada. — Este bairro é muito sossegado. c] - Em referência ao que está em nós ou ao que nos abrange fisicamente: Esta alma não traduz pecado — Este é o país do futebol. Este coração já bate há mais de vinte anos. d] - Para indicar o [tempo presente]: Esta semana é especial para o escritor. Neste mês se registram temperaturas altas. e] Para anunciar o que será dito ou explicado em seguida: O delegado interrogou fulano. Este negou que tivesse participado do crime. 2] - Esse, Essa, Isso. Devem ser usados: a] - Em referência a seres que se encontram longe de quem fala e perto de quem ouve: Esse livro que tens nas mãos é ótimo (esse aí). b] - Em referência ao lugar que o ouvinte está: Esse bairro em que você mora é muito sossegado. c] - Em referência ao que está no ouvinte ou ao que o abrange fisicamente: Essa alma deve estar pesada para carregar, não está, Cláudia? d] - Para indicar tempo [passado ou futuro]: Nesse mês não se registraram temperaturas baixas. Essa semana foi especial para o escritor. e] - Para retomar o que já foi dito ou explicado: Vender o banco. Essa e a proposta de Amarildo. 3] Aquele, Aquela, Aquilo. Devem ser usados: a] - Em referência a seres que se encontram longe do falante e do ouvinte: Aquele livro é ótimo. — Aquela estrela é muito brilante. b] - Para indicar tempo muito distante: Naqueles dias, imaginava-se que a Terra fosse quadrada. c] - Quando citar [dois elementos], use aquele ou aquela para retomar o primeiro elemento citado (o mais distante): O delegado interrogou Fulano e Beltrano. Este (beltrano) negou a participação no crime; aquele (fulano) confirmou. ARTIGO-------------------------------- [•] - Em títulos, principalmente jornalísticos, a tendência é suprimir os artigos, so-bretudo os definidos (o, a, os, as). O fato já é consagrado, mas fora dos títulos, há muitas situações em que os artigos definidos são obrigatórios.Artigo Definido-------------------------------------------01] - Ambos. É obrigatório o emprego do artigo definido entre o [numeral ambos e o substantivo] a que se refere (ambos = os dois > ambas = às duas) : O juiz solicitou a presença de [ambos] os [cônjuges]. Ambas as partes chegaram a um acordo.02] - Todo. Nas expressões em que aparece o pronome [todo], é preciso cuidado no emprego do artigo. Todo pode variar de sentido, conforme tenha ou não artigo: a] - Nas expressões: [todo o], [toda a], o artigo designa totalidade, inteireza: Toda a casa ficou alagada (a casa inteira, completa). Todo o edifício ficou às escuras (o edifício inteiro, completo).b] - Sem o artigo, [todo, toda,], adquire o sentido de [qualquer, cada um]: Toda casa ficou alagada. (qualquer casa, cada uma ) Todo edifício ficou às escuras. (qualquer edifício, cada um)c] - O plural [todos] deverá estar sempre acompanhado de artigo: todos os brasileiros, todas as pessoas. Exceto quando após [todos] houver um pronome: Todos [aqueles] jornalistas. — Todas [aquelas] mulheres. ► Seguido de numeral [todos] somente aceita artigo quando há um substantivo expresso:todos os três [relógios], todas as cinco [meninas]. Não vindo expresso o substantivo, dispensa-se o artigo: Encontrei Ari, Ivã e Lia. Todos três são bons amigos. Observação: Não se usa todos dois, usa-se o numeral ambos. 03] - Os nomes de lugar ora admitem artigo, ora não o admitem: ► Com Artigo: a América, a Europa, a África, a França, a Itália, a Argentina, o Peru, as Antilhas, as Filipinas, a China, o Japão, o Mato Grosso do Sul, a Bahia, o Acre, o Pará, a Gávea, a Penha, o Leblon, a Lapa.► Sem Artigo: Portugal, Mônaco, Honduras, Cuba, Paris, Roma, Atenas, Angola, Alagoas, Sergipe, Santa Catarina, Minas Gerais, Pernambuco, Goias, Mato Grosso, Curitiba, São Paulo, Brasília, Fortaleza, Natal, Copacabana, Ipanema, Perdizes, Pinheiros, Santana, Santa Tereza.Observações: ----------------------------------------------------------------a] - Se os nomes de lugar, que normalmente não admitem o artigo, vierem qualificados passam a exigi-lo: a Roma do Coliseu - a Paris do após-guerra. - a Brasília de Niemeyer – a Belém das mangueiras. Não vá confundir o artigo com a preposição: O navio chegou a (preposição) Belém. O navio chegou à (= prep. + art.) Belém das mangueiras.b] - Depois de preposição, o uso do artigo é facultativo com os nomes Europa, Asia, África, Espanha, França, Inglaterra, Escócia e Holanda: vim de Europa — passei por França — morar em Espanha => ou => vim da Europa — passei pela França — morar na Espanha04] - É facultativo o emprego do artigo definido diante dos pronomes possessivos (meu, teu, seu, etc.): Deixaram meu livro na sala [ou o meu livro na sala]. Não conheço sua namorada [ou a sua namorada].05] - Não se deve usar o artigo antes da palavra [casa] (no sentido de lar, moradia) e [terra] (no sentido de chão firme), a menos que venham especificadas: Eles estavam [em] casa. (moradia) Ele estava na casa do amigo. (uma casa específica). Os marinheiros permaneciam [em] terra. (chão firme) Os marinheiros permaneceram na terra dos anões.06] - Nunca deve ser usado artigo depois do pronome relativo cujo (e flexões): Este é o homem cujo amigo desapareceu [e não; cujo o amigo]. Este é o autor cuja obra conheço [e não: cuja a obra]. 07] - Diante de nome da pessoas, geralmente não se usa artigo: Lígia não compareceu à cerimônia. Paulo foi ao jogo.08] - Não use o artigo antes das formas de tratamento e dos títulos honríficos Dom e Dona. Com Exceção de [senhor] e suas variações. Engana-se Vossa Senhoria, disse o barbeiro. (M. Assis) Enganam-se Dom Henrique e Dona Helena. 09] - Na linguagem coloquial de alguns estados brasileiros, é freqüente a ante-posição de artigo a nomes de pessoas, a fim de indicar afetividade ou familiari-dade. O Édson é meu irmão mais novo A Sandra não quis sair comigo.10] - Use o artigo antes dos nomes de horas: as três horas — a uma hora. Importante: Convém lembrar que o artigo, neste caso, vem sempre depois de uma preposição, então: às (a+as) três horas — à (a+a) uma hora — às oito das três às sete — entre as duas e às três 11] - Não se combina com preposição o artigo que faz parte do nome de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O Estado de São Paulo. (e não: no Estado.) A notícia foi publicada em O Globo. (e não: no Globo.) 12] - Alguns gramáticos censuram o uso do artigo antes de [quão] e [quanto]: Você viu quão feliz estava eu! (e não: o quão feliz) Você não sabe quanto isso me alegra! (e não: o quanto)► Embora censurada, é freqüente, na língua atual, a colocação do artigo, como partícula de realce. A opção será sua, caro leitor(a): Só agora via o quanto se enganara. (Lígia Fagundes)Artigo Indefinido-----------------------------------------------------------------1] - O artigo indefinido, muitas vezes é usado inutilmente: Até março apresentarei uma outra proposta.► Não há necessidade, nesta frase, do artigo indefinido, basta: Até março apresentarei outra proposta. 2] - Uma boa maneira de evitar o abuso do artigo indefinido é verificar como fica a frase sem ele. Se não fizer falta, elimine-o.EMPREGO DE PALAVRAS-----------------------------------------------------------------------------------------1] - Acerca de, significa sobre, a respeito de: Haverá uma palestra acerca das (de+as) queimadas.2] - Há cerca de, indica um período aproximado de tempo já transcorrido: Os primeiros colonos surgiram há cerca de quinhentos anos. 3] - Cerca de ou A cerca de, significa aproximadamente, perto de: Os jogadores ficaram a cerca de 20 metros uns dos outros. Cerca de 100 pessoas estavam ali.4] - JÁ. Evite o uso pleonástico de [já]: Ela já não canta mais. Basta dizer: Ela já não canta ou Ela não canta mais. EMPREGO DE PRONOMES ------------------------------------------------------------------------------------------- a] - Pronomes Pessoais Do Caso Reto. Os pronomes pessoais do caso reto (eu, tu, ele, etc.) funcionam como sujeito da oração. De modo geral, deve-se evitar o uso destes pronomes, visto que os próprios verbos, na maioria dos casos, revelam as pessoas com as terminações que apresentam. É mais elegante escre-vermos: Vou sair. > do que escrever > Eu vou sair. Deves tomar cuidado > em vez de > Tu deves tomar cuidado. b] - Pronomes Átonos. Não se inicia, também, um período ou parágrafo pelos pronomes átonos (me, te, se, no, vos, lhes, os, as, si, etc.): Disseram-me (e não: Me disseram) que você conquistou cinco prêmios. Segui-o (e não: O segui) por muitos metros. c] – Pronomes Oblíquos. ► O pronome pessoal oblíquo [mim] vem sempre precedido de preposição: a mim, de mim, até mim, em mim, etc. ► O Pronome Si. O Pronome [si] deve ser empregado em frases reflexivas, ou seja, frases em que a pessoa do sujeito pratica e ao mesmo tempo recebe a ação verbal. A exigência da língua culta é esta: havendo reflexibilidade, o si está certo; não havendo deve ser rejeitado: Assim, está incorreto: Eu ofereço este livro para si.( Eu e si designam pessoas diferentes. A frase não é reflexiva.) Correção: Eu ofereço este livro para você. Maria queria o namorado junto de si. (Maria e si, a mesma pessoa.) Hei de tornar meu filho mais confiante em si. (filho e si, mesma pessoa). Continuaremos no Manual III.® [•] Se você encontrar erros (inclusive de português), por favor, me informe. ---------------------------------------------------------------------Ajudaram na elaboração deste manual: Rocha Lima, Gramática Normativa da Língua Portuguesa. Adriano da Gama Kuri, Ortografia, Pontuação, Crase. Hildebrando A. de André, Gramática Ilustrada. Eduardo Martins, Manual de Redação e Estilo. ------------------------------------------------------------ [•] Agradeço a leitura do texto e, antecipadamente, quaisquer críticas ou comentários.
Ricardo Sérgio
Publicado no Recanto das Letras em 21/03/2006Código do texto: T126426

2 comentários:

CURTA MENDES disse...

Meu caro Naza Meskita, muito prazer. Gostei muito do seu blog. São dicas pra lá de interessantes pra quem escreve. Também quero te agradecer pelo comentário carinhoso que vc deixou lá no meu "Diário de Bordo...".
Um forte abraço e sucesso sempre.

Elano Ribeiro Bapista

KML disse...

CONSULTAREI MEU AMIGO RICARDO SÉRGIO DE MENEZES NUNES PARA SABER SE ELE LHE DEU AUTORIZAÇÃO PARA COLOCAR AQUI ARTIGOS QUE ELE ESCREVEU.

KATHLEEN LESSA