A TRANSPOSIÇÃO DO DISCURSO DIRETO                  PARA O INDIRETO E VICE-VERSA                                                 ——————————————————           [•] É de vital importância para o ficcionista dominar estas duas estruturas do diálogo e, mais ainda, conhecer as relações existentes entre elas.       Na transposição do estilo direto para o indireto e vice-versa, realizamos alterações na estrutura do período, as quais vamos destacar (as mais importantes):      1 – O discurso direto apresenta-se, sempre, em primeira pessoa. Já no discurso indireto usamos a terceira pessoa, em vez da primeira ou segunda:                 — Tenho pressa — disse o rapaz (discurso direto).                 O rapaz disse que tinha pressa (discurso indireto).      2 – Os Tempos Verbais. Não vamos relacionar todos os tempos de verbos e suas modificações porque acreditamos que basta uma observação caráter geral.            Ao transformar o discurso direto em indireto, você está transcrevendo algo que alguém já disse, portanto, no discurso indireto, o tempo será sempre passado em relação ao direto. O mecanismo é basicamente o mesmo para todos os casos:        ● O pretérito imperfeito em vez do indicativo:               — Não bebo dessa água — afirmou a menina.  => direto no                 presente do indicativo.                A menina afirmou quer não bebia daquela água. => indireto no                 pretérito imperfeito.        ● O futuro do pretérito, em vez de futuro do presente:               — Farei o possível — disse o moço. => direto no fut. do presente.               O moço disse que faria o possível. => indireto no fut. do pretérito.      3 – Pronomes e Advérbios. Os pronomes e alguns advérbios, podem também requerer alterações:            ● Discurso Direto:                     — Venha cá, minha filha — disse a mãe impaciente.                     — Estarei aí daqui a cinco minutos.             ● Discurso Indireto:                      A mãe, impaciente, pediu a sua filha que fosse até lá. Ela                       respondeu que estaria lá dali a cinco minutos.      4 – No discurso indireto usamos a forma declarativa, em vez da interrogativa ou imperativa do discurso direto:                ● Eu ordenei-lhe: Venha imediatamente. (discurso direto)                ● Eu ordenei-lhe que viesse imediatamente. (discurso indireto)                ● Indagou o cirirgião: Qual será a verdadeira idade do doente?                 ● Indagou o cirurgião qual seria a vedadeira idade do doente.      5 – No discurso Indireto usamos o demonstrativo aquele(a), em vez de este(a) ou esse(a):               ● Napoleão disse aos seus solda dos: “Do alto destas pirâmedes,                  40 séculos vos comtemplam.” (direto)               ● Napoleão disse aos seus soldados que do alto daquelas                   pirâmedes 40 séculos os comtemplavam. (indireto)           A título de exemplo, vejamos como podemos introduzir um discurso direto em uma narrativa que não aparece a fala das personagens:                        Meu Primeiro Dia no Cursinho (sem diálogo)      Maria Helena acabava de matricular-se em um famoso cursinho, desses que preparam os alunos para os exames vestibulares. [...].      Quando bateu o sinal do intervalo, tentou encontrar a lanconete que ficava no térreo. Maria Helena então começou a descer os seis lances de escada, acompanhada por uma quantidade incontáveis de pessoas, ou seja os colegas de outras quinze salas [...].      Algum tempo depois chegou ao térreo e lá avistou uma aglomeração [...].     Olhou para todos os lados e não viu lanchonete alguma.      Pouco tempo depois descobriu que a lanchonete era lá mesmo, mas não dava para ver a caixa registradora [...]. Ela já estava na fila da caixa e não sabia.                    Meu Primeiro Dia no Cursinho (com o discurso direto).     Maria Helena acabava de matricular-se em um famoso cursinho, desses que preparam os alunos para os exames vestibulares.     Quando bateu o sinal do intervalo, Maria Helena perguntou a um colega de classe:     — Você por acaso, sabe onde fica a lanchonete?     — Fica no térreo — respondeu-lhe o colega gentilmente.     Após algum tempo chegou ao térreo e lá avistou uma aglomeração [...].    — Por favor, você sabe onde fica a lanchonete? Disseram que ficava no térreo – perguntou Maria Helena para uma moça que estava ao seu lado.    — Mas você já está na lanchonete.    Descobriu então que estava no lugar procurado, mas não dava para ver caixa registradora [...]. Ela já estava na fila da caixa e não sabia. ®__________________________________________________Informações recolhidas e adaptadas de: 1 - Branca Granatic, Técnicas de Redação. 2 - Rocha Lima, Gramática Normativa da Língua Portuguesa • Se você encontrar erros (inclusive de português), por favor, me informe. • Agradeço a leitura do texto e, antecipadamente, quaisquer comentários.
Ricardo Sérgio
Publicado no Recanto das Letras em 08/03/2007
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